13 de agosto de 2011

Direto do Japão

Após um tempo sem escrever, finalmente estou voltando a publicar novas páginas, mas agora do Japão, por um período não determinado. Por ter pouco tempo disponível, estarei escrevendo bem devagar, na medida do possível. Morando em Kobe, Hyogo, a 30 minutos de Osaka, onde costumo visitar frequentemente o bairro de produtos eletroeletrônicos, Namba (Den Den Town), para conhecer as novidades. Não é tão grande como Akihabara em Tóquio, mas tem muitas lojas. O maior número de turistas encontrados por aqui é de chineses, por isso, os produtos Duty Free são Made in Japan.

Após uma espera de 2 meses e meio pela internet, foi realizada a conexão da fibra óptica (Hikari Flets High Speed) de 200Mbps pela NTT (Nippon Telephone & Telegraph). Enfim plugado ao mundo novamente, agora em alta velocidade, ou banda larga de verdade.

A grande novidade que pude apreciar até o momento, é a qualidade da imagem 3D. Nas telas maiores em torno de 60 polegadas, num ambiente escuro, dá para sentir a profundidade da imagem com  ótima qualidade. Tanto TV 3D por polarização de luz da LG e autoestereoscópica da Toshiba não me apresentaram uma boa impressão, preciso avaliar melhor. Outra grande atração é a conexão com ou sem fio de equipamentos de áudio, vídeo e PC como Net Audio, USB-DAC, etc.

Mas a grande movimentação estava mesmo no encerramento da transmissão de TV analógica que ocorreu em 24 de julho, programação encerrada ao meio dia, mantendo no ar somente a tela com a informação do encerramento da transmissão analógica e o telefone de contato para esclarecimentos aos desavisados e àqueles que não acreditavam, até a meia noite, quando o sinal foi interrompido definitivamente.

Com excessão nas províncias de Iwate, Miyagi e Fukushima, onde uma boa parte da população está abrigada em escolas e outros lugares, aguardando a construção da moradia temporária pelo governo, resultado do terremoto e consequente tsunami, ocorrido em 11 de março, que também danificou a usina nuclear de Fukushima. Até hoje ocorrem réplicas do terremoto, algumas bem fortes. Nestas províncias a transmissão da TV analógica deverá encerrar no dia 31 de março de 2012.

Visto a grandes dificuldades, as operadoras de TV por assinatura estão mantendo os canais analógicos, convertendo o sinal digital para analógico. Algumas prometem manter até março de 2015.

Uma parte da população, copiando bons brasileiros, deixaram para última hora, com isso os conversores de TV digital para poder acoplar e continuar assistindo no aparelho de TV analógico, desapareceram do mercado. Os TVs digitais mais em conta estão com prazo de entrega superior a 1 mês. A venda de TVs digitais no mês de julho cresceu 2.2 vezes em relação ao mesmo mês do ano anterior e algumas lojas sentiram movimentação de clientes 10 vezes superior ao mês de junho.

Se um país como o Japão teve estes problemas, como deverá ser no Brasil em 2016, quando irá encerrar a transmissão da TV analógica? Quem não quer ou não pode comprar TV digital, é bom comprar um conversor com boa antecedência, para não ficar sem TV.

A necessidade da redução de consumo de energia elétrica em 15% em consequência dos problemas de usinas nucleares de Fukushima, Hamaoka (Shizuoka) e recentemente de Fukui, os fabricantes estão sem condição de aumentar a produção, onde alguns estão alterando horários e dias da semana de trabalho, tentando evitar assim o apagão programado. A população está comprando ventiladores para reduzir o uso de ar condicionado, justo no ano em que o calor está terrível. Até os ventiladores USB estão na moda e disponibilizados em diversos modelos e tamanhos e as lâmpadas LED que têm baixo consumo de energia.

Um produto curioso que aumentou a venda é o espiral contra mosquitos e pernilongos, para substituir os elétricos que é comum por aqui. As fábricas não estão dando conta do pedido.

Após 66 anos da tragédia de bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, jogadas pelos americanos em agosto, o Japão está sofrendo novamente com problema de radioatividade que contaminaram solos e alimentos, gerando grandes consequências econômicas à região, tanto comercial e turístico. Acompanhando os documentários e reportagens, é possível ver como o povo está sofrendo. Existem centenas de milhares de desaparecidos onde a maioria foram engolidos para o fundo do mar pelo repuxo do tsunami. As cenas são realmente de arrepiar.

Afinal este blog não tem como objetivo falar destes assuntos, mas não podia deixar de comentar um pouco, e manifestar que usinas nucleares não são nada seguras, diante da fúria da natureza. É melhor procurar rapidamente energias alternativas que não incomodem o meio ambiente, pois não podemos ficar sem esta energia, para poder apreciar imagem e som de alta definição.

Além da tragédia natural, o Japão tem ameaça da "nova" crise econômica mundial e valorização excessiva do iene em relação ao dólar, hoje beirando 76 ienes para cada dólar (antes da crise de 2008, estava em torno de 120 ienes). São muitos problemas.

De qualquer forma a vida continua e o Japão também, por isso estarei informando novidades tecnológicas do mercado de imagem e som, diretamente do Japão. Acompanhem também as atualizações de postagens anteriores.

日本のみなさんもよろしくおねがいします。

がんばれ!日本。


Atualizações:

26/ago/2011: A Sharp abre uma empresa em São Paulo, com capital de 30 milhões de reais, denominada Sharp Brasil Comércio e Distribuição de Artigos Eletrônicos Ltda. (SBCD), com objetivo de fortalecer a venda de produtos eletrônicos de consumo e equipamentos de comunicação e informação. Está apostando no crescimento econômico do país e dos grandes eventos esportivos mundiais que ocorrerão, Copa de 2014 e Olimpíada de 2016. Maior detalhe no site da Sharp